sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Poemas Travessos

PAIS E FILHOS

Eu e minha adolescência tardia estamos atreladas,
Como cavalo e carroça
E temos desembestado por estradas rurais esburacadas...
Talvez por isto meu filho esteja acordado, carrancudo,
Quando chego de madrugada, ligeiramente bêbada.
E desligue a TV, o rádio, que esqueci ligados
Entrando pé ante pé no meu quarto.
E me console e enxugue as lágrimas
Quando me desespero por um novo amor, abortado.
E me entenda, quando bato a porta com estrondo,
E fico horas emburrada.
...
Sou a caçula birrenta desta criança educada.



Cronologia

Dez da manhã e eu devia estar no escritório, trabalhando,
Mas tem um ladrilho português na calçada que me encanta...
E ainda estou caminhando.
Meio dia e eu já devia estar almoçando,
Mas tem um boteco que serve um tequila quentíssima,
E eu ainda estou tomando.
Duas da madruga e eu devia estar sonhando,
Mas tem um bandido mexicano, tipo Charles Bronson na minha cama,
E eu estou namorando.

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